Em um ano tão desafiador, em que passamos a adotar modelos de ensino-aprendizagem distintos daqueles que estávamos habituados, como pensar em processos avaliativos que façam sentido?
Planejar, executar e avaliar
Luckesi (2011) considera que a avaliação da aprendizagem só é possível por meio de ações planificadas e compreende o ato pedagógico a partir de três elementos que se relacionam:planejamento, execução e avaliação. Ou seja, para que a avaliação seja possível, é preciso uma ação pedagógica previamente planejada e executada. Ademais, este mesmo autor propõe que a avaliação seja um recurso contínuo, subsidiário do ato pedagógico, possibilitando a formação do estudante como sujeito-cidadão.
Avaliar ou examinar?
Fomos levados a abdicar do nosso planejamento pedagógico, previamente elaborado e já conhecido por nós, adotando outros meios para favorecer a aprendizagem. Porém, também tivemos boas oportunidades para aprimorar a formação do sujeito-cidadão. Este pode ser um caminho para pensarmos em avaliações que façam sentido na situação atual, extrapolando o uso de técnicas que nos possibilitem simplesmente examinar conteúdos aprendidos.
Coerência da avaliação com o planejamento
Assim como adaptamos nossas aulas ao longo deste ano, é importante planejarmos avaliações coerentes com elas. Mais do que nunca, fica evidente que não basta que nossos estudantes respondam corretamente aos conteúdos curriculares apresentados, mas que sejam capazes de atuar para a solução de problemas reais da sociedade, ou seja, formar o estudante como sujeito-cidadão.
Dicas para as avaliações
Alinhar o processo avaliativo com as ações pedagógicas que conseguimos desenvolver ao longo deste ano é um compromisso ético da prática docente, com o qual todos nós precisamos estar comprometidos. Pensando nisso, seguem algumas dicas que podem auxiliar na formulação e aplicação das avaliações no ensino remoto.
- Avalie o estudante ao longo de todo o processo de ensino-aprendizagem, dando oportunidade para que ele possa demonstrar de diferentes maneiras o que aprendeu;
- Atribua notas ou conceitos de acordo com o ciclo de aprendizagem de cada estudante, buscando extrapolar momentos específicos de avaliação;
- Utilize instrumentos variados, como autoavaliação, seminários, projetos colaborativos on-line, participação em atividades e fóruns, estudos de caso, cumprimento de atividades em ambientes virtuais de aprendizagem, chats com temáticas específicas para discussões em grupo etc.;
- Proponha atividades avaliativas em que os estudantes tenham a oportunidade de refletir e relacionar os temas abordados com problemas reais da sociedade;
- Evite perguntas que exijam a memorização de conteúdos;
- Adote uma comunicação clara e precisa, garantindo que seus estudantes, mesmo na modalidade on-line, consigam compreender os enunciados, deixando claro o que se espera como resposta;
- Certifique-se que os temas abordados nas avaliações tenham sido bem explorados e discutidos durante as aulas;
- Garanta que os assuntos estejam articulados entre si e no mesmo nível de dificuldade apresentado durante as aulas e exercícios realizados;
- Caso necessário, proponha novas atividades para os conteúdos que mais incidiram em erros;
- No momento das avaliações, cuide para seja mais uma oportunidade de aprendizagem, proporcionando tranquilidade e um clima amistoso. Se necessário, forneça dicas previamente sobre como fazer uma boa avaliação, reduzindo a ansiedade característica que antecede esses momento.
Assim sendo, a avaliação processual deve ser capaz de fornecer informações a respeito do desempenho dos estudantes, mas também da nossa prática docente, para que possamos modificar o que for necessário com o propósito de facilitar o processo de ensino-aprendizagem.
Bibliografia sugerida:
Luckesi, C. C. (2011). Avaliação da Aprendizagem: componente do ato pedagógico. São Paulo: Cortez.
Moretto. P. V. (2014). Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas. Rio de Janeiro: Lamparina.